São grandezas diretamente proporcionais, o tempo e a memória. A caixinha de recordações tão útil para cada indivíduo, sempre é consultada diante de uma nova experiência, fazendo com que sejam excitados sentimentos como o medo ou a alegria. O tempo, muitas vezes tratado com desdém, só recebe a atenção e o devido valor quando dá sinais físicos de sua existência: uns fios brancos de cabelo, rugas de expressão, novas modas e “gírias”...
A memória, mecanismo ativado e preenchido com o passar do tempo, deveria ser considerada a característica mais fascinante dos seres humanos. Despertada com o mais sutil dos perfumes ou até com os mais altos sons e claras imagens, essa caixinha de lembranças nos é tão fundamental quanto as próprias experiências vividas ao longo de nossas vidas.
O que seriam os traumas psicológicos, após os acidentes, assaltos, seqüestros, senão uma forma de expressão da memória? O que seriam os pesadelos e as fobias, senão uma forma de nos manter sempre em alerta para o perigo que nos cerca ou ao qual alguma vez já fomos submetidos? A memória então funciona como o “órgão” da cautela, fazendo-nos lembrar dos bons momentos, sem nos deixar esquecer dos maus.
O tempo cronológico pode ser facilmente medido, já o psicológico pode ser dilatado ou abreviado, sendo as situações desagradáveis ou prazerosas. Aumenta ou diminui de acordo com o modo como é sentido e se manifesta na mente como pensamentos, emoções e sensações. Em uma situação agradável, horas parecem ter sido minutos, assim como em situações estressantes ou de sofrimento, dá-se o contrário: minutos parecem ter sido horas, dias.
O fato de estarmos sempre nos queixando do passado ou nos projetando no futuro faz com que sejamos perdulários com o tempo, esse valor insubstituível que, uma vez desperdiçado, não pode ser recuperado. É preciso não só desfazer a idéia de que tempo é dinheiro, para que assim as pessoas consigam intervalos de descanso físico e mental, mas também construir uma nova idéia, aquela na qual tempo é vida.
Camila Cota - 25/04/09
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