As mentiras são vícios

O ambiente capitalista e competitivo no qual todos vivem não permite falhas. Quando elas acontecem, o que é inevitável, usa-se a mentira para as esconder. Esse uso progressivo e desmedido da mentira fez com que ela deixasse de ser vista como um defeito, um artifício usado nas horas de desespero, para ser vista como a primeira alternativa a ser cogitada no momento em que as pessoas se reconhecem erradas.
É sabido, entretanto, que ninguém nasce com o intuito de mentir. Os pais exigem honestidade dos filhos, mas ao tocar do telefone pedem aos meninos para dizerem que não estão em casa. Nasce de exemplos como esse o conceito de "mentira branca" - e agora parece que se fala de armas -, aquela inverdade dita por uma boa causa. O fato é que não deve haver justificativas para as mentiras, assim como não há justificativa para o erro. Mentir é sempre errado, é sempre agir de forma desonesta.
O ato de mentir é aprendido porque, a curto prazo, traz vantagens para as pessoas que o praticam. Como o marido infiel, que ao mentir para a esposa sobre a traição evita a situação desconfortável que a verdade causaria, até que a própria esposa a descubra por si só. Isso significa que as mentiras escondem aspectos dos quais se envergonha ou não se orgulha o mentiroso.
As mentiras são perigosas porque viciam, são uma espécie de ópio que nos leva a acreditar não no fato, mas na ficção criada. Esse "ópio" faz com que as pessoas criem uma zona de conforto da qual, obviamente, não querem sair para encarar o mundo das verdades dolorosas.
A mentira é fruto da incompatibilidade entre o fazer e o dizer. O que se diz, deve sempre ser visto como um reflexo das convicções do locutor. Por isso as mentiras são mais devastadoras para quem as conta do que para quem as ouve; as palavras que se diz são a verbalização do caráter que se tem.

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