Há alguns minutos estou tentando digerir o misto de emoções que se debateram dentro de mim esta noite, para, então, poder transcrever tudo. Tá complicado. Não sei se me arrependo de ter ido ao show do Belo, se devo ficar triste ou feliz, se me fez bem ou mal, a única certeza que eu tenho é que não fiquei sozinha, nem mesmo por um instante... Pedro esteve comigo.
O show me pareceu uma retrospectiva da nossa amizade. Algumas músicas me faziam enxergá-lo e, quando eu me esforçava um pouco, ouvia a voz e via o jeitinho único dele cantar. Quando ele terminou o namoro, dormia ao som de: "Por trás de um ditador, existe um grande amor, eu sempre fui apaixonado por você..."; quando se apaixonou de novo, declamava com o exagero de emoções típico de 'pedrenrique': "Eu tento te entregar meu coração, você não quer saber, nem diz que não, parece que amar quem não te quer, te faz sentir melhor ou mais mulher..."; e quando se desiludiu (de novo) não parava de ouvir: "Toma cuidado com essa decisão, isso é intriga da oposição...". E por aí ia, encontrando uma música pra cada ocasião, ou melhor, pra cada ilusão.
Escutar todas essas músicas "sozinha" e conter o choro pra não estragar a noite de quem tava comigo foi, de longe, um desafio - grande, diga-se de passagem - superado. As lembranças me invadiam como num jorro de água fria depois de um dia ao sol. A correria que por muitas vezes e diariamente se faz traiçoeira, me faz esquecer do que eu estou vivendo, mas nesses momentos a realidade bate à minha cara sem dó nem piedade. Eu não tenho mais o meu melhor amigo, eu preciso repetir isso pra ficar bem claro pra mim. Perdi, embora ainda o ame, sofra, chore, não vai mais voltar pra mim e quando eu precisar de alguém pra ir comigo ao show do Belo... eu vou ter que ir sozinha. Assim como eu preciso ir sozinha ao Trapichão. Não porque não há companhias disponíveis, mas porque o espaço do melhor amigo do mundo nunca vai ser substituído e a presença de todos os amigos juntos, não ocupa o lugar do meu único parça.
Meu parceiro que sempre amou desafios, não conseguiu superar o desafio de vencer a morte, porque esse, nem ele, o melhor de todos os tempos nesse quesito, tinha condições de superar. A dor que me angustia existe só porque sou egoísta o suficiente pra desejar que ele continuasse aqui comigo, sofrendo exageradamente do jeito que ele sempre sofreu por tudo e por todos, mas se fazendo presente na minha vida que agora vive tão vazia, tão vazia do que ele me fazia sentir. Sem ilusões, digo que "incondicionalmente eu vou te amar, inexplicavelmente eu não sei te negar", como sempre, Pedro.
Parcinha.
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