'"E se você partisse amanhã..."

        Quando a gente sobrevive a uma perda realmente significante, a gente passa a enxergar a vida com uma fragilidade ímpar e por isso começa a ter um zelo e um cuidado (que se confundem com medo) que nos faz viver de uma maneira extremamente diferente de antes. Hoje em dia eu enxergo a vida como se ela viesse embalada pra cada um de nós naquelas caixas de papelão onde há escrito "CUIDADO/FRÁGIL" nos quatro lados.

         Antes de perder meu Parcinha, Deus já tinha me mostrado alguns exemplos dessa fragilidade, mas a gente sempre vive achando que nada nos atinge. Nós enxergamos o sofrimento dos nossos amigos e sentimos muito por eles e em pouco tempo esquecemos daquilo. Não aprendemos nada, nenhuma lição. E isso é perigoso, no mínimo.
Perder o Pedro foi um ultimato pra mim. É como se Deus me dissesse bem firme e claro: "Agora você vai aprender!". E eu aprendi. Pensando nessa lição eu criei um jogo que hoje eu denomino Jogo do "E se você partisse amanhã...", acho que o nome já diz tudo.

         Desde o dia 12 de dezembro passado, eu enxergo nas pessoas que eu amo uma fragilidade tão grande que é impossível não me questionar (sempre): "E se você partisse amanhã?"
Não importa quantas vezes eu olhar para  essas pessoas, é visível demais que é tão grande  a possibilidade de perdê-la amanhã. Eu não consigo mais me controlar, nem posso, nem quero. Preciso dizer o que eu penso, o que eu sinto, o que eu tenho vontade. Não quero correr o risco de ficar engasgada. De sofrer a dor do arrependimento.

        Graças a Deus eu tive a coragem de jogar esse jogo com o meu melhor amigo enquanto ele esteve comigo (e ele jogou comigo de volta) e isso me faz feliz o suficiente pra sentir saudade da amizade dele sabendo que, se ele voltasse pra mim, não haveria nada que eu pudesse dizer que ele já não soubesse.

       Enfim, se você teve a oportunidade de ler esse post, não desconsidere a mensagem, é realmente importante. É um dos jogos mais difíceis que eu jogo permanentemente em minha vida, mas é útil e deveras necessário o exercício dele. Resolve os problemas antigos e evita novos. Pratique!


Ps: (Quem sabe outro dia, se eu sentir necessidade, eu explique e fale sobre como comecei a jogar outro jogo... o do "Contente"!)

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